Eu não
queria me lembrar desses episódios que tive com este maldito cavalo arrogante,
mas infelizmente, irei lhes relatar o que aconteceu quando encontrei-me com a
droga de um equino grosseiro e rudimentar!
Após a morte
do velho, uma droga de um cavalo surgiu em minha cela, não sei ao certo o
motivo; acreditava que eu estava ficando louco nessa época, o cavalo era um ser
desagradável, comentava cada movimento meu, me julgava a todo o instante,
alguém dispensável de qualquer formaria e um verdadeiro vislumbre do inferno.
Lembro-me dele relinchando quando eu estava quase pegando no sono, de seus
maldosos comentários e do maldito cheiro do seu cuspe, cavalo desgraçado! Sua
voz ecoa em minha mente até os dias de hoje; “Você é alguém tão desprovido de
graça, que desonra até o pior do palavreados *ele cuspiu em mim*, ser
patético!”. Me enojei de sua aparência, maldito cavalo eu repito, nunca conheci
alguém tão desagradável, me recordo de ter pedido os guardas inúmeras vezes
para que eles tirassem aquele ser vil de dentro da minha cela, tolos, diziam
que eu era louco e que não havia cavalo algum ali dentro, jurei-lhes a minha
vida que eu via aquele maldito cavalo, novamente clamo, tolos! Aquele maldito
cavalo cuspiu em mim naquele dia, aquele odor acre e pungente, como uma mistura
de feno fermentado e saliva envelhecida, Deus, aquilo era horrível.
Insisti
tanto aos guardas que tirassem aquele maldito cavalo que ao fim eles cansaram,
me levaram para um casebre que havia entre as muralhas de Sevilla, ao chegar naquele
fúnebre casebre (Acho que os guardas estupravam outros guardas dentro daquele
local infernal), o cheiro azedo e pestilento daquele fúnebre lugar era de dar
nojo; me lembro de ter sido agredido inúmeras vezes naquele lugar e novamente
volto-lhes a dizer, maldito seja aquele MALDITO EQUINO! Mas nem Aquele maldito
potro que infernizou os meus últimos anos de Sevilla não me deixava em paz, nem
na minha maior desgraça. Recordo-me dele rindo e relinchando inúmeras vezes
enquanto estava totalmente desprovido de roupas e completamente machucado no
chão daquele lugar fúnebre; seus comentários eram desagradáveis “Um ser tão
insalubre quanto um rato, não deveria frequentar o mesmo chão que uma barata
rasteja, pobre inseto!”, “Você devia se limpar mais, até minhas fezes cheiram
melhor que você!”.
Nem tudo
dentro daquele lugar era estranho, lembro-me de quando o velho morreu eles
levaram as coisas deles para vários lugares diferentes na masmorra, mas aquela
porta vermelha, a que me intrigava tanto, parecia me seguir. Em uma das sessões
de tortura que tive, por conta DAQUELE MALDITO CAVALO, me lembro de ter visto a
porta encostada em um canto escuro dentro daquela casa fétida e fúnebre de
tortura; achei engraçado, pois, nunca havia visto ela ali antes (Já havia ido
umas 6 ou 7 vezes para lá). Cogitei me levantar para finalmente ver o que havia
atrás dela, mas meu corpo dolorido devido as longas exposições a uma tortura
física não sustentavam o peso inerte de meu próprio corpo. Olhei aquela porta e
me lembrei do que o velho havia me dito, recordo-me de não ter dito nada sobre
seu pedido, nem que faria, nem que não faria; mas algo em mim queria aceitar
essa barganha, esse sentimento crescente de dever me intrigava.
Amanhã era o
grande dia, irei ser executado, não via a hora dessa cavalo calar a maldita
boca e parar de me encher, esperava que o pelotão de fuzilamento ou o carrasco
que puxaria a alavanca que a minha vida seria outorgada, fosse rápido, não queria
de modo algum, dar a esse odioso, desagradável, insalubre, fedido, horrendo, insuportável
e extremamente desnecessário, maldito cavalo, a oportunidade de rir do meu
cadáver após minha morte!
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