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18 setembro 2024

Capítulo 5 - Maldito seja, esse cavalo!

 

   

   Eu não queria me lembrar desses episódios que tive com este maldito cavalo arrogante, mas infelizmente, irei lhes relatar o que aconteceu quando encontrei-me com a droga de um equino grosseiro e rudimentar!

   Após a morte do velho, uma droga de um cavalo surgiu em minha cela, não sei ao certo o motivo; acreditava que eu estava ficando louco nessa época, o cavalo era um ser desagradável, comentava cada movimento meu, me julgava a todo o instante, alguém dispensável de qualquer formaria e um verdadeiro vislumbre do inferno. Lembro-me dele relinchando quando eu estava quase pegando no sono, de seus maldosos comentários e do maldito cheiro do seu cuspe, cavalo desgraçado! Sua voz ecoa em minha mente até os dias de hoje; “Você é alguém tão desprovido de graça, que desonra até o pior do palavreados *ele cuspiu em mim*, ser patético!”. Me enojei de sua aparência, maldito cavalo eu repito, nunca conheci alguém tão desagradável, me recordo de ter pedido os guardas inúmeras vezes para que eles tirassem aquele ser vil de dentro da minha cela, tolos, diziam que eu era louco e que não havia cavalo algum ali dentro, jurei-lhes a minha vida que eu via aquele maldito cavalo, novamente clamo, tolos! Aquele maldito cavalo cuspiu em mim naquele dia, aquele odor acre e pungente, como uma mistura de feno fermentado e saliva envelhecida, Deus, aquilo era horrível.

   Insisti tanto aos guardas que tirassem aquele maldito cavalo que ao fim eles cansaram, me levaram para um casebre que havia entre as muralhas de Sevilla, ao chegar naquele fúnebre casebre (Acho que os guardas estupravam outros guardas dentro daquele local infernal), o cheiro azedo e pestilento daquele fúnebre lugar era de dar nojo; me lembro de ter sido agredido inúmeras vezes naquele lugar e novamente volto-lhes a dizer, maldito seja aquele MALDITO EQUINO! Mas nem Aquele maldito potro que infernizou os meus últimos anos de Sevilla não me deixava em paz, nem na minha maior desgraça. Recordo-me dele rindo e relinchando inúmeras vezes enquanto estava totalmente desprovido de roupas e completamente machucado no chão daquele lugar fúnebre; seus comentários eram desagradáveis “Um ser tão insalubre quanto um rato, não deveria frequentar o mesmo chão que uma barata rasteja, pobre inseto!”, “Você devia se limpar mais, até minhas fezes cheiram melhor que você!”.

   Nem tudo dentro daquele lugar era estranho, lembro-me de quando o velho morreu eles levaram as coisas deles para vários lugares diferentes na masmorra, mas aquela porta vermelha, a que me intrigava tanto, parecia me seguir. Em uma das sessões de tortura que tive, por conta DAQUELE MALDITO CAVALO, me lembro de ter visto a porta encostada em um canto escuro dentro daquela casa fétida e fúnebre de tortura; achei engraçado, pois, nunca havia visto ela ali antes (Já havia ido umas 6 ou 7 vezes para lá). Cogitei me levantar para finalmente ver o que havia atrás dela, mas meu corpo dolorido devido as longas exposições a uma tortura física não sustentavam o peso inerte de meu próprio corpo. Olhei aquela porta e me lembrei do que o velho havia me dito, recordo-me de não ter dito nada sobre seu pedido, nem que faria, nem que não faria; mas algo em mim queria aceitar essa barganha, esse sentimento crescente de dever me intrigava.

   Amanhã era o grande dia, irei ser executado, não via a hora dessa cavalo calar a maldita boca e parar de me encher, esperava que o pelotão de fuzilamento ou o carrasco que puxaria a alavanca que a minha vida seria outorgada, fosse rápido, não queria de modo algum, dar a esse odioso, desagradável, insalubre, fedido, horrendo, insuportável e extremamente desnecessário, maldito cavalo, a oportunidade de rir do meu cadáver após minha morte!


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